“Do canal História à SIC Radical” – Os candidatos em revista

Opinião de Miguel Brito sobre as eleições autárquicas em Braga

Artigo de opinião

Miguel Brito

Advogado

A corrida autárquica para o município de Braga tem duas candidaturas anunciadas.

    Ambas foram escolhidas pelas estruturas concelhias e daí não vai mal ao mundo, pelo contrário!

    É às estruturas locais, concelhias, que deve competir a escolha dos cabeças de lista, sem prejuízo do que já escrevi, quando há mais que um partido no processo que acontece, quando existem coligações, onde, a meu ver, devem ser avaliados, compromissos de projetos antes da escolha dos seus atores.

    À direita, temos uma coligação que não espelha a representatividade eleitoral. O CDS tem o estatuto da noiva, mas a sedutora “IL” mais jovem, urbana e inteligente, anda no salão. O fanfarrão “Chega” (sucursal em Braga), apanhou o passe ferroviário para Lisboa e não tem vontade de regressar, apostada em defender os muros de Portugal de qualquer invasão asiática.

    Depois da indicação do vereador João Rodrigues, como candidato do PSD, aparece a candidatura de António Braga, com larga experiência autárquica, vereador, Presidente da Assembleia Municipal de Braga, ex Secretário de Estado do governo liderado por José Sócrates, incumbido de fazer as pazes entre as fações do seu Partido.

    A grelha de partida

    Vejamos a grelha dos candidatos à esquerda (leia-se PS) e à direita (PSD/Coligação).
    Na grelha, antes da partida, tínhamos, Hugo Pires, Artur Feio e Pedro Sousa e os candidatos que tinham, segundo alguns setores do PS, maior estatuto, leia-se a ex-eurodeputada Isabel Estrada, ou um académico com relevo na sociedade civil, como José Mendes, antigo membro do Governo. Estes últimos, sem “tropas no partido”, tinham poucas hipóteses. No horizonte mais remoto, falava-se que viria algum peso pesado, um ex-ministro, para pacificar as hostes partidárias.

    Não foi este o caminho escolhido. As fações partidárias são cada vez menos “democráticas” no seu sentido mais pragmático, ou seja, não respeitam resultados internos e escudam-se em argumentos sempre espúrios e de conveniência.

    Os putativos candidatos a candidatos, têm a mesma natureza e identidade. Falo de Hugo Pires, Artur Feio e Pedro Sousa, que são da mesma geração, andaram pela Juventude Socialista e ganharam visibilidade por serem militantes do Partido Socialista, ou alguém tem dúvidas sobre isso?

    Um militante do Partido Socialista dizia-me a propósito de Artur Feio que este tinha tirado um doutoramento. Ora, alguém acredita que este doutoramento o indigitaria para qualquer cargo? Todos sabemos que não!

    São todos quadros do PS e a este partido devem a sua visibilidade.

    Têm todos, capacidade discursiva, liderança e qualidade.

    Instalou-se porém, uma dissidência, que não aceita resultados internos.

    O Pedro Sousa venceu três eleições internas, uma em disputa direta, outra por falta de comparência e outra no quadro da distrital, vencendo de forma expressa a candidatura que este apoiou, tendo perdido o grupo que contra este se organizou para o combater.
    Há algo que me inquieta nesta visão democrática, a de que a fação vale mais que o Partido.

    Uma visão que mais tarde revela que o partido vale mais que o país e que não reconhece o diálogo entre partidos, em prol de desígnios maiores.

    O PS de Braga e esta geração mais nova, vive uma crise de pânico, sobre a forma de incapacidade de fazer uma auto critica sobre o passado e o legado de Mesquita Machado, para com distancia falar dos erros mas também dos aspetos positivos.
    Sem olhar o passado, não falam do futuro.

    Sobre este ponto estou muito à vontade, porque sustentei “quase sozinho” um combate cívico contra vícios de um consulado que também – à distancia – tem também pontos positivos que a história irá reconhecer.

    Também o lado do PSD, já se sabe quem é o candidato, mas ninguém sabe quem vai estar na coligação e que impacto terá uma candidatura independente liderada por Ricardo Silva.

    A indigitação de uma candidatura “à pressa”, sem dialogo com outras forças politicas que constituem a base da coligação, empobrece a democracia local.

    O candidato António Braga, que não tem opinião política relevante nos ultimos 12 anos e que foi sempre candidato de fação no seio do Partido, vem unir o Partido!

    A geração do Pedro, Artur Feio e Hugo Pires, devia começar a pensar que o PS precisa de se unir ao eleitorado, conquistando-o.

    Preferiram continuar a falar para dentro. Temos pois, duas fações partidárias ou duas formas de gerir fações, uma vetusta e antiga e outra jovem e radical.
    Uma oferta, entre o “Canal História” e a “Sic Radical”.

     
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