Alunos da UMinho contestam aumento de propinas sugerido por Conraria

Alunos da uminho contestam aumento de propinas sugerido por conraria
Foto: AAUM

A Associação Académica da UMinho (AAUM) e núcleos de alunos da Escola de Economia e Gestão (EEG) concentraram-se, esta quinta-feira, para protestar contra as afirmações recentes do presidente da EEG e reuniram com o responsável. Luís Aguiar-Conraria defendeu o aumento de propinas, numa entrevista recente ao jornal Eco.

“Temos de aumentar as propinas porque, com grande probabilidade, os jovens depois vão-se embora e não beneficiamos desse investimento”, disse.

Em comunicado, a AAUM condenou a afirmação, referindo que “não é erguendo muros mais altos e barreiras que deixam deliberadamente mais pessoas excluídas do sistema que resolvem os verdadeiros problemas do país”.

A organização estudantil sublinhou ainda que o Ensino Superior “assume-se como o mais importante elevador social e económico das famílias, sendo, também, um importante promotor social e económico do país”.

Apontaram ainda os “verdadeiros problemas” que levam à emigração dos jovens licenciados: “Desemprego jovem, os baixos salários, os conhecidos problemas da habitação, o centralismo de uma economia presa nas duas grandes áreas metropolitanas onde o custo de vida é muitas vezes mais elevado que outras grandes cidades europeias, o sucessivo desinvestimento na ciência e na investigação que faz com que muitos tenham de prosseguir os seus projetos no estrangeiro, bem como a falta de oportunidades em geral para os jovens e vários outros velhos problemas já conhecidos”.

Por fim, a AAUM frisou que o aumento da propina pode “dificultar o acesso ao Ensino Superior” ou mesmo “antecipar a emigração”.

“Estamos a financiar países muito mais ricos”

O recém-empossado da Escola de Economia e Gestão da UMinho sugeriu, na referida entrevista, a criação de um mecanismo de compensação para quem fica em Portugal, mais eficaz que o anunciado por António Costa, que consiste na devolução das propinas.

“Com os nossos jovens, com todo o nosso sistema educativo, estamos a financiar países muito mais ricos que nós. Temos andado a discutir, durante muito tempo, a questão das propinas. A tendência que seguimos em Portugal foi baixar as propinas e aumentar as transferências do Estado para as universidades. Se este fenómeno [de emigração jovem] se mantiver, isso não faz sentido nenhum. Temos é de aumentar as propinas porque, com grande probabilidade, os jovens depois vão se embora e não beneficiamos desse investimento”, afirmou o economista.

“Enquanto as propinas não refletirem o seu valor real estamos a financiar os outros países”, reforçou o académico na entrevista àquele jornal económico.

“Este é um caso engraçado, porque aquilo que é melhor para os portugueses, pode não ser o que é melhor para Portugal. Se este êxodo se mantiver, temos mesmo de pensar, se calhar, em aumentar as propinas e criar um esquema de compensação para aqueles que ficam em Portugal”, concluiu Luís Aguiar-Conraria.

Luís Aguiar-Conraria é doutorado em Economia pela Cornell University (EUA) e, na EEG, já foi presidente do Conselho de Escola, diretor do Departamento de Economia e vice-presidente para a Investigação e Internacionalização. Recebeu diversas bolsas da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, o Prémio Gulbenkian para a Internacionalização das Ciências Sociais e dois Prémios de Mérito na Investigação da EEG.

É coautor de três livros e publicou quatro dezenas de artigos em revistas científicas internacionais, nomeadamente sobre aplicações de wavelets à economia, economia política, economia portuguesa e ciclos macroeconómicos. É também membro do Comité de Datação de Ciclos Económicos da Fundação Francisco Manuel dos Santos e colabora regularmente com os media, sendo colunista no semanário Expresso e membro do programa “Fora do Baralho” na Rádio Observador.

A Escola de Economia e Gestão nasceu há 41 anos e é uma referência nacional no ensino, investigação e interação com a sociedade no âmbito da Economia, Gestão, Administração Pública, Ciência Política e Relações Internacionais.

 
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